sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CONTROLE DE PRAGAS, DE FAUNA SINANTRÓPICA NOCIVA E DE OUTROS BICHOS...(RATOS, CARRAPATOS, ESCORPIÕES, CARAMUJOS E POMBOS)

     Pretendo com esta publicação divulgar de maneira prática e didática as melhores formas para se evitar o aparecimento de espécies da fauna sinantrópica (nociva e silvestre) e de pragas. Não entrarei em detalhes técnicos sobre a biologia dos bichos, mas deixarei links para quem quiser pesquisar o assunto. Esta postagem falará de ratos, carrapatos, escorpiões, caramujos, baratas... enfim... um punhado de bichos e de como evita-los em nossas casas. Usarei algumas fotos e muitas pessoas podem achar as imagens um pouco nojentas, portanto sugiro aos mais sensíveis de estômago que não comam durante a leitura... para não prejudicar o teclado. Boa leitura!!!!!!!!

caramujos
IMPORTANTE: Todo o texto foi elaborado por mim tendo por base minhas experiências profissionais na área de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente. Os registros fotográficos também são de minha autoria. Quando houverem informações ou imagens de outras fontes, elas serão mencionadas. Não me oponho ao uso deste material parcialmente ou na integra para fins educativos ou para a confecção de trabalhos escolares, porém, por uma questão de respeito, peço que qualquer imagem ou trecho de textos retirados deste Blog mencionem o link:


Obrigado.


De acordo com o

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis 
através da Instrução Normativa nº. 141
de 19 de Dezembro de 2006

Fauna sinantrópica: populações animais de espécies silvestres nativas ou exóticas, que utilizam recursos de áreas antrópicas, de forma transitória em seu deslocamento, como via de passagem ou local de descanso; ou permanente, utilizando-as como área de vida;

Fauna sinantrópica nociva: fauna sinantrópica que interage de forma negativa com a população humana, causando-lhe transtornos significativos de ordem econômica ou ambiental, ou que represente riscos à saúde pública;


     Para resumir, são espécies que se adaptaram ao nosso modo de vida para viver e que no contato com seres humanos podem causar prejuízos à saúde (e/ou econômicos);

Roedores


     Predominam nas cidades de quase todo o mundo os roedores comensais. Em ordem decrescente de aparecimento em edificações na região central do Estado de São Paulo: Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto), Mus musculus (camundongos) e Rattus norvegicus (ratazanas de esgoto). Todos podem ser vetores de doenças, mas acredita-se serem estes os responsáveis por muitos casos de diarréias e intoxicações alimentares, sempre tratadas como viroses nos atendimentos médicos públicos e privados. O que os roedores buscam nas edificações são acessos a alimento, água e abrigo. Tanto nossas edificações quanto a forma como dispomos rações animais e resíduos de alimentos dão plena condição à proliferação de roedores.

Mais relacionados à áreas rurais ou de periferia são os aparecimento de roedores silvestres, transmissores de sérias doenças ao ser humano. Como a Hantavirose, por exemplo.

rato de telhado capturado em restaurante

Rato de telhado – quase do tamanho de uma ratazana, porém mais esguio e com a cauda visivelmente maior que o corpo. Pode ser preto, vários tons de cinza e até marrom escuro. Possui grande habilidade de escaladas. Sobe em quase todos os cantos de paredes, fios, tubulações, árvores. Para se ter uma idéia, se você esticar um arame entre dois pontos, ele passa correndo por cima. O nome é sugestivo para quem normalmente habita forros, mas também fazem tocas no chão, de acordo com as condições e facilidades existentes.

ninho de rato de telhado em equipamento de cozinha industrial

Camundongos – estes são aqueles ratinhos de terreno baldio. Normalmente encontra-se um macho adulto, uma fêmea e alguns filhotes. Comem sementes de capim mas adaptam-se a qualquer coisa rapidamente. Não são de andar longas distâncias, geralmente seu raio de ação não passa dos 10 metros. Quanto mais perto da comida, melhor. Se possível junto, ou nela. É comum encontra-los dentro de sacos de ração e armários de mantimentos. Abrigam-se geralmente em locais próximos ao chão ou fazem tocas diretamente no piso.

marcas de passagem de ratos em depósito de supermercado

Ratazanas – apesar de chamarem todo rato grande de ratazana, as ratazanas são geralmente de coloração cinza claro com uma parte mais clara (branca ou amarelada) no peito, além de possuir nadadeiras entre os dedos e cauda mais curta que o corpo. Menos freqüentes que outros ratos, não que sejam poucas, mas para as ratazanas é muito mais negócio viver nas redes de esgoto. Lá a comida é farta (restos de refeições, pedaços de frutas e verduras, fezes com resíduos mal processados, lixo e, é lógico, muita água). As ratazanas só sairão do esgoto se houver caminho livre e muita facilidade de acesso à comida, e comida boa, como a ração do seu animal, por exemplo. No esgoto, ratazanas e baratas possuem um importante papel para o meio ambiente. Elas limpam boa parte de nossos resíduos. O ruim, é quando elas passam a sair por conta de alimento e acham abrigo em nossas edificações. Certamente é a maior transmissora de Leptospirose para o ser humano e para animais domésticos e de criação.

armadilha de cola utilizada em supermercado - método muito cruel
alguns ratos roem as patas para fugir

Como Evitar e Controlar Roedores

Se você não quer que um rato se interesse pelo seu quintal ou por sua casa, é importante tomar alguns cuidados:

1 – Não alimente os ratos!!! Pode parecer estranho mas, quando você coloca rações animais ou resíduos de refeições em locais desprotegidos, principalmente durante à noite, você pode estar dando um banquete aos ratos. Algumas pessoas acreditam que os cães ou gatos são capazes de impedir o acesso dos ratos aos alimentos. Imagine um bicho que passa em qualquer fresta, que escala os locais mais impressionantes, que possui uma estratégia de reprodução super desenvolvida, que é discreto e rápido... junte tudo isso à fome e ao instinto de sobrevivência e ainda assim acredite que seu bichinho de estimação bem alimentado vai cuidar da ração 24h. Outro problema é que os ratos contaminam, a água, as rações e os lugares por onde passam com fezes e urina e, mesmo que seu animal pegue um ou dois ratos, a colônia pode passar dos 50 indivíduos se houver comida, água e abrigo. E cá pra nós... não é legal seu animal pegar ou ter contato com um rato. Proteja seus alimentos, os estoques de ração e a água de seus animais e nada de dar bobeira com as sobras... mesmo de dia...

2 – Mantenha sua casa e quintal livre de casinhas de rato!!! Os ratos gostam de andar pelos cantos, dizem ser por questões de fácil orientação. Marcam os lugares com cheiro de urina e gordura. Se você mantiver materiais encostados em paredes e armazenados diretamente sobre o piso – aquelas coisas que guardamos e não sabemos bem para que – você pode estar dando casinha para o rato. Desta forma, mantenha suas coisas bem armazenadas. Evite encostar objetos, móveis e materiais nas paredes. Sempre que possível armazene em prateleiras ou cavaletes com cerca de 30 cm do chão e 20 a 30 cm das paredes. Sofás, eletrodomésticos e móveis devem ficar de 5 a 10cm das paredes, isto evita também o ataque de cupins. Isso facilita sua limpeza dos locais, a visualização do ambiente e dificulta que roedores e uma série de outros insetos e bichos achem abrigo em sua casa.

Vão entre muros de divisa - bom abrigo para ratos

3 – Vede buracos no piso, nas paredes e instale dispositivos de proteção em frestas de portas (rodinhos ou outros meios).

4 – Fique atento à presença de fezes nos ambientes. Os ratos são muito discretos. Não é fácil vê-los dando bobeira, mas defecam muito e por todos os lugares que transitam.

Outro lugar importante de ser bem vedado é o forro, mas disso falarei quando estivermos tratando do assunto pombos.

marcas de passagem de ratos em tubulação de supermercado

Muita gente acredita que toda vez que um rato aparece em sua casa ou local de trabalho seja hora de usar um “veneninho”. Parece obvio. Tudo o que expliquei sobre ratos até agora relaciona-se à antiratização, ou seja, impedir ou dificultar o acesso e o interesse dos ratos por nossas edificações. O uso de venenos e armadilhas recebe o nome de desratização, ou seja, eliminar um problema já existente. Neste caso, o rato já andou sobre suas coisas, já pode ter contaminado seus alimentos ou transmitido uma doença ao seu cão, portanto, evitar este contato é o melhor caminho. Outro fato é que se você der veneno e não limitar a o acesso do bicho ao que ele (ou eles) já vinha comendo, não vai adiantar nada.

Apesar dos desenhos animados insistirem na questão da predileção dos ratos por queijo, a verdade é outra. Ratos comem qualquer coisa. Suas preferências são por grãos (milho, arroz, sementes de capins diversos). Comem também frutas, legumes, caules de plantas, pequenos insetos, outros roedores, sabão em pedra e, até mesmo o tal do queijo e outros alimentos gordurosos e calóricos. Hoje em dia, graças a facilidade que o ser humano coloca à favor dos ratos, o principal alimento são as rações animais (de cães, aves e até de gatos). Daí, o jeito é evitar problemas.

veneno inadequado em prateleira de açougue

Para saber mais sobre roedores veja:

Carrapatos


     O carrapato que geralmente encontramos nas casas que possuem cães em seus quintais é o Rhipicephalus sanguineus ou carrapato de cachorro, carrapato que não está vinculado à transmissão de doenças a seres humanos (ainda! – há pesquisas sendo realizadas sobre o assunto, mas ainda sem conclusões). Às vezes, dependendo dos locais que freqüentamos ou dos locais em que vivemos e trabalhamos, podemos nos deparar com carrapatos que podem ser nocivos ao ser humano e que parasitam espécies que, cada vez mais, aproximam-se das edificações humanas como: gambás, capivaras, furões, etc.. Uma espécie muito comum em locais como: trilhas, pastos e terrenos baldios é o Amblyomma cajenense, ou carrapato da capivara, responsável pela transmissão da febre maculosa aos seres humanos.

macho de carrapato de capivara - transmissor da febre maculosa

Como Evitar e Controlar Carrapatos


Apesar de parecer que o melhor controle para situações envolvendo carrapatos em nossas casas e animais domésticos seja o bom e velho “banho de veneno” tanto no animal quanto em toda a casa e, se possível, com uma dose reforçada de veneno. Isto é muito equivocado. Em animais domésticos, sobretudo em cães, o melhor a fazer é o controle mecânico e permanente, ou seja, os animais devem servistoriados” toda semana ou no máximo a cada 10 dias. As fêmeas desta espécie de carrapato devem ser removidas e colocadas em solução (água sanitária, álcool, água e detergente) que as extermine para posterior descarte.

Você deve estar pensando: Quais são as fêmeas?

É bem simples a diferenciação entre fêmeas e machos de quase todas as espécies de carrapatos. Os machos são os chamados de “estrelinhas” – geralmente são menores que as fêmeas, achatados e com as patas mais projetadas ao redor. Já as fêmeas, tendo em vista que colocarão de 3000 à 8000 ovos por postura, dependendo da espécie de carrapato, são de formato redondo que, quando jovens são bolinhas e na fase adulta e de postura dos ovos ficam no formato de grãos de feijão (de grandes e suculentos grãos de feijão).

O uso de venenos para o controle de carrapatos deve ser feito sob orientação de um Médico Veterinário ou de outro profissional legalmente habilitado a isso. Minha postagem anterior fala mais do assunto:


Além disso o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e de cuidados com o meio ambiente devem ser rigorosamente observados.

Muitas pessoas intoxicam-se com venenos de uso domésticos e resolvem suas intoxicações com a ingestão de leite ou chás. Algumas precisam ser medicadas e internadas. Imagine o que acontece aos animais domésticos que tomam banhos freqüentes com venenos, tomam comprimidos para evitar parasitas, recebem aplicações de gel e cremes contra carrapatos e pulgas, usam coleiras com veneno, tomam injeções e tantos outros métodos completamente equivocados de controle. O melhor para o animal e para seu dono é o controle preventivo. Aquele que busca o melhor para a saúde de todos os envolvidos nesta situação e para a saúde ambiental de sua casa não faz uso de venenos de forma desorientada e exagerada.

Outro fato é que os cães geralmente adoram ser vasculhados enquanto você busca possíveis parasitas neles.

Escorpiões

Problema já presente em quase todas as cidades brasileiras, algumas espécies de escorpiões, como o Tityus bahiensis (escorpião marrom) – encontrado em áreas rurais e novas ocupações – e o Bothriurus araguayae (escorpião preto ou escorpião da mata) – encontrado no perímetro urbano, principalmente próximos de áreas verdes (praças e campos) e nas áreas rurais – perderam espaço para o Tityus serrulatus ou escorpião amarelo. Mais eficiente em sua estratégia de reprodução e, visivelmente mais adaptável ao meio urbano, o Tityus serrulatus domina facilmente os ambientes aos quais tem predileção. No meio urbano, esta espécie vem proliferando-se fartamente nas galerias de drenagens urbanas, principalmente nas drenagens de águas de chuva (bueiros e tubulações). Outras espécies também podem aparecer, inclusive endêmicas de outras regiões, mas estas três são mais freqüentes na região central do Estado de São Paulo.


escorpião amarelo em galeria de água de chuva

Vou tratar especificamente do escorpião amarelo pelo fato dele ser o mais comum no perímetro urbano de muitas cidades brasileiras.

Trata-se de uma espécie onde só há fêmeas que ficam com 7 a 9 cm de comprimento. São rápidos, afinal caçam e comem outros insetos, como baratas, por exemplo. Não são hermafroditas como as minhocas. Diferente das minhocas, esta espécie de escorpião não precisa de parceiros para procriar. São seres partenogênicos (como uma clonagem ou uma replicação), portanto, em condições favoráveis de umidade, temperatura e alimento, um escorpião destes pode dar cria a mais 10 ou 15 escorpiõezinhos sozinho, ou melhor, sozinha. Num primeiro momento eles ficam nas costas da mãe. Depois da primeira troca de pele, o mecanismo de veneno existente na cauda (aguilhão) é habilitado. A partir daí é cada um por si. Caso contrário, a própria mãe os devorará. De qualquer forma, um escorpiãozinho deste já tem veneno suficiente para matar um ser humano, um animal doméstico ou ser a causa do choro histérico de muito marmanjo barbudo por aí. As pessoas descrevem estes acidentes assim:

Parece que no local da picada 
o osso está explodindo de dentro para fora

Mesmo para quem não apresenta maiores complicações, trata-se de uma dor muito, mas muito intensa mesmo. Para piorar ela tende a ampliar os locais de dor e pode recorrer durante até 3 dias depois da picada.

escorpião amarelo com filhotes nas costas

No caso de acidentes com qualquer animal peçonhento, seja de uma picada de abelha ao bote de uma cobra, o correto é procurar o atendimento médico de referência para este tipo de acidente. Em Araraquara o atendimento de referência, inclusive regional, é o Pronto Socorro Municipal (SUS).

Não faça torniquetes, não corte o local da picada, não beba bebidas alcoólicas ou qualquer outra coisa! (querosene, gasolina, urina... nada. Apenas água). Lave o local do acidente com sabão ou detergente neutro, mantenha a calma e não corra!!! Quanto menos agitação e menos batimentos cardíacos, menos o veneno circulará em seu organismo. Se possível, capture o animal sem mata-lo e coloque-o num recipiente com tampa firme e furada para entrar ar e, no caso de escorpiões, aranhas, lacraias, etc., deve-se colocar um algodão ou tecido levemente umedecido com água. Tanto a ausência quanto o excesso de umidade podem matar estas espécies. Entregar o exemplar no local de atendimento facilita muito o atendimento clínico. Outro peso importante para justificar a necessidade de se capturar estes bichos vivos é que: somente de exemplares vivos é possível extrair o veneno utilizado na produção de soros, ou seja, quem pega um bicho destes vivos e entrega aos órgãos competentes, está participando da produção de soros do Instituto Butantan e, consequentemente, salvando vidas. Nada mal, não é mesmo?

bueiro com lixo
Infelizmente, como este bicho está nas cidades, o número de acidentes envolvendo esta espécie é grande e vem aumentando, já sendo considerados como praga urbana por muitos estudiosos do assunto. Infelizmente também, trata-se de acidente de importância médica que, em linhas gerais pode matar. O acidente desperta mais atenção nos seguintes casos:

 - crianças até 10 anos
 - idosos acima de 60 anos
 - pessoas com problemas de saúde (coração, pressão, rins, etc.) ou alérgicas
 - ou pessoas imunodeprimidas

     Casos envolvendo adolescentes e adultos também podem chegar a complicações, o que vai depender das condições de saúde em que a pessoa se encontrava no momento do acidente e da distância de um lugar para atendimento deste tipo de situação. Geralmente, o acidentado é medicado sob prescrição médica e fica em observação por cerca de 7 a 12 horas. Caso não venha a manifestar complicações, ele receberá alta e poderá voltar para casa, mas ainda em estado de alerta.

Como Evitar e Controlar Escorpiões

Como esta espécie de escorpião possui um tipo de “sensor químico”, ou seja, o escorpião amarelo consegue sentir alterações no ambiente e entrar num tipo de hibernação em sua toca ou simplesmente fugir para um ponto mais distante de onde os produtos foram jogados. Por isso, o uso de produtos químicos pode representar a dispersão de escorpiões em distâncias ainda não estudadas, o que aumentaria o risco de acidentes. Desta forma, o único controle seguro para a população ampara-se em métodos de saneamento e controle mecânico, não sendo, em hipótese alguma recomendado o uso de venenos.

esgoto aberto atrás de lavatório de banheiro

A melhor coisa a fazer é checar itens bem simples do sistema hidráulico e de outras tubulações de sua casa. Tentarei fazer uma lista:

1 – Verifique se as saídas de pias, tanques e lavatórios possuem sifão e estão livres de frestas;

2 – Verifique as condições dos ralos. Para ralos internos a sugestão é o uso de ralos do tipo abre e fecha (e mantê-los fechados quando não estiverem em uso);

3 – Instale telas nas grelhas e ralos de captação de água de chuva (não ponha telas muito finas que dificultem a vazão da água. A sugestão é uma tela metálica do tipo peneira de feijão);

4 – Coloque dispositivos de proteção na parte inferior das portas, como rodinhos de proteção ou, nas portas de correr e portas balcão, outros dispositivos eficientes. O uso de minhocas de areia e panos não é eficiente.

5 – Mantenha seu quintal e sua casa bem limpos e organizados. Os escorpiões dependem muito de umidade, desta forma, ao armazenar coisas diretamente sobre o piso ou encostados em paredes, criamos ambientes interessantes aos escorpiões. Mas normalmente, quando eles aparecem dentro de casa, estão ou no banheiro, ou na cozinha ou na área de serviço.

6 – Instale telas milimétricas (telas mosquiteiras) nas janelas de sua casa. Este item é menos importante que os anteriores, mas também evita pernilongos.

esgoto aberto em saída de tanque

     Apesar de todos acharem que os escorpiões estão em madeiras podres e entulhos, a realidade deste bicho nas cidades é outra. Eles podem estar na madeira e no entulho? Sim, mas é muito mais seguro estar numa tubulação debaixo da rua. Nestas tubulações que deveriam captar águas das chuvas e, no máximo, algumas folhas de árvores, as pessoas jogam todo o tipo de coisa. Lixo doméstico, bosta de animais, restos de comida, ligam esgotos clandestinamente e várias outras coisas que deveriam ser colocadas no lixo ou destinadas à reciclagem. Desta forma, há comida farta para as baratas, que deveriam estar somente nas redes de esgoto. As baratas por sua vez, são um ótimo petisco para escorpiões. Outro fato é que nestas tubulações não há predadores naturais para os escorpiões como: sapos, corujas, lagartos, gaviões e camundongos.

Duas lendas:

Uma é de que as galinhas acabam com os escorpiões. Isto só seria verdade se o turno de trabalho da galinha batesse com o turno de trabalho do escorpião, ou seja, as galinhas são bichos diurnos que podem capturar insetos escondidos debaixo de coisas que elas consigam mover ou levantar. Já os escorpiões são de hábito noturno e gostam de ficar em lugares muito bem protegidos – Já vi muitos escorpiões dentro de galinheiros.

Outra é que se você fizer um anel de fogo ao redor de um escorpião, ele se matará. Na verdade, dado o desespero do bicho com todo aquele calor que rapidamente está secando sua carapaça, ele até pode se picar, porém são imunes ao próprio veneno. Como são seres muito sensíveis à falta de umidade, o que de fato acontece é que eles morrem por desidratação.

Para saber mais sobre escorpiões veja:

Caramujos

Problema emergente em diversos municípios brasileiros, o caramujo gigante africano ou Achatina fulica, é uma espécie invasora que possui uma eficiente estratégia de reprodução. Trazido para o Brasil com uma finalidade gastronômica e econômica, a ausência de controle rigoroso e a falta de mercado que aprecie tão deliciosa iguaria acabaram por fazer com que alguns produtores abandonassem suas colônias de forma inadequada. Graças às constantes transformações urbanas, foram rapidamente levados por carroceiros e caminhões para as mais variadas regiões. Nas cidades, o problema está relacionado com questões de falta de zelo em terrenos e quintais. Apesar de serem mais considerados como uma praga ambiental e agrícola que como um problema de saúde pública, estes bichos podem ser portadores de Angiostrongylus cantonensis – causador da Angiostrongilíase Meningoencefálica, um tipo de meningite – e de Angiostrongylus costaricensis – causador da Angiostrongiliase Abdominal, um tipo peritonite abdominal – , já há casos clínicos relatados destas doenças em seres humanos.

caramujos africanos comendo casca de árvore em decomposição

Como Evitar e Controlar Caramujos
O controle desta espécie invasora depende sumariamente de manejo ambiental, envolvendo limpeza de terrenos e quintais, poda e remoção de vegetação em decomposição e coleta de exemplares. Por se tratarem de seres hermafroditas, após a cópula, todos os exemplares podem por ovos, podendo fazer até 5 posturas por ano e colocar de 50 a 400 ovos por postura.

caramujo africano subindo em tronco de mamoeiro

A coleta consiste basicamente em:

1 – Preparar em um balde ou lata uma solução concentrada de água com sal (salmoura forte)

2 – Nos dias chuvosos, ao final das chuvas, com o uso de luvas de borracha ou de sacolas plásticas nas mãos, deve-se recolher os caramujos que estejam visíveis e subindo em árvores, muros e paredes e deposita-los na solução de água com sal

caramujos subindo em fachada de residência
3 – Após 12 a 24 horas, os caramujos e os ovos que eles traziam consigo estão desidratados e podem ser descartados no lixo comum ou enterrados, mas tenha certeza de que estão mortos antes do descarte.

lata com caramujos africanos em salmoura

     Tenho que lembrar que a limpeza, manutenção e zelo de jardins e terrenos são o melhor meio de controle, porém as coletas são indispensáveis.

     Percebam que mais uma vez, não recomendamos o uso de venenos. Além de não serem seletivos com as espécies de caramujos que serão exterminados, podem causar danos ambientais.

Para saber mais sobre caramujos veja:


Pombos (e outras aves)

A variedade de espécies de aves e, entre elas, de pombos nas cidades, deve ter relação direta com a escassez de habitats naturais e com a fartura de alimentos ofertada em quintais, vias públicas e terrenos. Algumas espécies são oportunistas e aproveitam falhas nas edificações para descanso ou para confecção de ninhos. Diversas doenças podem ser transmitidas ao homem por aves e, no caso dos pombos, sabe-se que o problema é grave e deve ser tratado com responsabilidade.


Pretendo me referir principalmente àquelas pombas muito comuns em praças e telhados de edificações e aos pardais. Ainda assim, comentarei sobre algumas espécies silvestres que estão cada vez mais presentes nas cidades.

pombos em telhado de residência com forro aberto


     Mesmo comendo quase de tudo, os pombos têm preferência por grãos. Comem sementes de capim, ração de animais domésticos, milho, farelos, restos de comida, fezes de animais, insetos e coisas que você só acreditará vendo na charge animada deste link:

além de muito engraçado, o vídeo acaba sendo educativo...


morador alimenta pombos no quintal
     Se não bastasse a fartura de comida e de locais para se abrigar nas edificações urbanas, muitas pessoas ainda acreditam estarem fazendo uma coisa boa ao alimentarem pombos. No geral são pessoas que gostam de animais, porém, alimentar pombos implica em reduzir o tempo de vida deles. Parece estranho, mas é bem simples de entender. Na cidades já há comida em fartura para baratas, aves e roedores. Além de todos os resíduos que produzimos, existem muitas áreas com capim e outras plantas que produzem alimentos e existem os insetos. Desta forma, quando uma ave procura seus alimentos, além de comer uma variedade maior de nutrientes, ainda colabora no controle de alguns insetos e pragas e na dispersão de sementes. Quando você alimenta uma ave com restos de comida, aí é que você está matando mesmo ela... gordura... açúcar... sal.... Além de deixarem de se exercitarem para procurar alimentos, as aves alimentadas frequentemente por pessoas passam a comer apenas um tipo de alimento. Saber aquela experiência do cara que tentou viver à base de hambúrguer? Então.

pombos comendo sementes de capim

     Outro ponto importante é que quanto mais comida, mais crias. Quanto mais espaço, mais ninhos. Os pombos fazem seus ninhos nas edificações e gostam de viver e ter filhotes ali pelo resto de suas vidas. Se você oferece alimento e abrigo, obviamente que o bicho vai ficando e criando e ficando e criando e ficando e criando.... Em certos locais, forros de casas como a sua, saem 2, 3, 4 caçambas cheias de fezes, ninhos, aves mortas e um cheiro que pode ser sentido de longe.

marcas de acesso de algum bicho ao forro de edificação
     Muitos bichos se aproveitam de lugares com ninhos de aves. Roedores e baratas costumam viver bem nestes ambientes.

     Se você nunca ouviu falar em Criptococose, é hora de correr atrás. Doença provocada por um fungo muito comum em fezes de aves, principalmente de pombos, a Criptococose pode ser contraída através da inalação de poeira de locais com fezes de aves, através do contato destas fezes com mucosas (contaminação pelas mãos sujas em contato com a boca e com os olhos), ingestão de alimentos ou água.


     Por ser uma doença que pode ficar encubada em nosso organismo por muitos anos (10, 20, 30) e só se manifestar num momento em que estivermos com a resistência baixa e como ela não apresenta sintomas bem definidos, esta doença mata muito mais do que se imagina. Mesmo com todos os investimentos, muitas vezes mal feitos, no controle da Dengue, em muitos locais nunca ocorreu um óbito por dengue. Por outro lado, procure saber dos casos de Criptococose que levaram à óbito e tente entender os motivos que justifiquem a ausência de controles mais rigorosos nas condições estruturais das edificações públicas e particulares.

Como Evitar e Controlar Pombos

1 – Não alimente os pombos!!! Os motivos relacionados ao meio ambiente e à saúde das pessoas já foram esclarecidos. Saiba que é ruim para você, para sua família, para seus vizinhos e para as aves também. Além de não ofertar comida voluntariamente, você deve proteger a ração e a água de seus animais domésticos. Procure alimenta-los em horários regulados e não deixe sobras dando mole no seu quintal. Minha postagem anterior fala mais sobre alimentação de animais domésticos.

2 – Não permita que o pombo tenha acesso fácil para descansar ou fazer ninhos em sua edificação. Falo pombos mas, uma boa e eficiente vedação do forro evita pardais, morcegos, ratos, gambás.... Além da vedação do forro, tire o conforto do pombo em ficar na sua edificação, ou seja, dificulte os locais de pouso. Linhas de pescaria, arames, tiras metálicas ou plásticas com espinhos, telas e qualquer coisa que torne inconveniente para o bicho pousar no local. As vedações feitas com o uso de alvenaria, madeira e telas costumam ser as mais indicados.

     Também para situações envolvendo aves, existem os mais variados produtos químicos e outros dispositivos que prometem afastar aves, morcegos e outros bichos, porém devo alerta-los de que o único método garantido para solução definitiva do problema é a vedação e a instalação de barreiras físicas. Já vi ninhos sobre o gel repelente e por cima de emissores de ultra som. As aves, aos poucos se acostumam com espantalhos e outras coisas usadas para assusta-las. Bichinho teimoso não?

pombos em telhado de residência

Compete legalmente ao Estado:

 - avaliar;
 - adotar os procedimentos que competirem ao Estado em suas edificações e dependências;
 - orientar os particulares quanto à suas obrigações;
 - adotar as medidas corretivas, educativas e coercitivas;
 - reavaliar...

     Estes procedimentos valem para o controle de quase todas as espécies da fauna sinantrópica e constam em leis e regulamentos.

Os Links abaixo podem ajuda-lo a compreender mais sobre o assunto. Gosto muito do conteúdo do site da Prefeitura de São Paulo, é bem prático de pesquisar:



Na próxima postagem trarei informações sobre outros bichos e, quem sabe, mais algumas desintalações. Se você tiver dúvidas ou questionamentos, tentarei responder da melhor forma possível...

Obs.: as postagens serão às quintas feiras. A exceção de hoje se dá à correria em montar uma defesa consistente para o meu processo.

Obrigado e até a próxima...

Um comentário:

  1. parabéns pelo blog... suas explicações serão fundamentais para combater alguns escorpiões que estão no meu quintal...
    abraços...

    ResponderExcluir